OBSERVAR
E REGISTRAR: MAIS QUE UMA PRÁTICA, UM APRENDIZADO PARA O PROFESSOR
O educador é um profissional em permanente
fazer e caminhar na direção do que constitui a essência do seu trabalho:
ensinar, ou seja, garantir a formação do aluno. Por isso, sua ação tem de ser
pensada, refletida e sistematicamente avaliada para atender as necessidades
individuais e coletivas. Avaliar sistematicamente a prática pedagógica
significa assumir uma postura reflexiva do exercício do olhar sobre a
realidade, sobre a criança, sobre o próprio fazer com o objetivo de melhorar a
ação educativa.
A
avaliação constitui-se num “conjunto de ações que auxiliam o professor a
refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às
necessidades colocadas pela criança. É elemento indissociável do processo
educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades
e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como
função acompanhar, orientar, regular e direcionar esse processo como um todo”
(Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, v.1, 1998, p.59).
A observação é um instrumento indispensável
para que o professor possa conhecer as crianças, identificar suas dificuldades
e potencialidades, compreender o que fazem e verificar os significados que
atribuem aos elementos trabalhados.
Reflexão e avaliação da prática pedagógica envolvem também o registro
das observações realizadas, o que venho realizando por meio de escrita,
fotografias e portfólios da produção das crianças ao longo do ano. Esse
registro constitui um acervo de informações e conhecimentos fundamentais para o
meu trabalho, permitindo que eu:
·
Construa
a história e trajetória do meu trabalho e do grupo, indicando novos
encaminhamentos, ajustes ou redimensionamento da ação pedagógica;
·
Registre
o desenvolvimento, as conquistas, as descobertas, as dificuldades individuais e
coletivas, oferecendo uma visão importante e detalhada de cada criança;
·
Contribua
para a minha formação, podendo tornar-me um professor reflexivo, que estuda e
busca fundamentação teórica para respaldar minha prática;
·
Acompanhe
o processo de aprendizagem de cada criança.
Tanto
a observação quanto o registro devem estar a serviço da identificação dos
elementos que interferem nas relações de ensino/aprendizagem. O educador
precisa estar atento àqueles indícios que têm significado para o contexto do
seu trabalho. Não é tarefa fácil, por isso é importante que se tenha a clareza
de que supõe um exercício diário de olhar para além do que se vê, de desvelar o
significado escondido, muitas vezes, numa expressão de espanto, no silêncio, no
gesto, no corpo. Também supõe um exercício contínuo de dedicação, feito por um
professor pesquisador, reflexivo, comprometido com a educação.
Mas
o que deve ser avaliado? Quando? Como avaliar? Que instrumentos e procedimentos
utilizar? Para que e para quem avaliar? São perguntas que me desafiam me
inquietam e me levam a uma reflexão, seguida de algumas ações, umas que dão
certo outras nem tanto. Tomando como base As Diretrizes Nacionais para a Educação
Infantil, no artigo décimo, fica claro que o sentido da avaliação no contexto
da Educação Infantil é a investigação e não o julgamento, o qual deve, segundo
o documento, ser socializada com as famílias. De acordo com o meu contexto de
trabalho, venho buscando estar coerente com essas orientações, valorizando na
criança o conhecimento que elas traz, sua cultura, suas habilidades, as
interações que estabelece e suas diferentes formas de expressar-se, evitando
assim a padronização.
Algumas práticas são efetivas em meu fazer
pedagógico: registro dos aspectos significativos de cada criança; caderno de
desenho individual como um portfólio onde a criança realiza as atividades
durante o ano, percorrendo sua própria história e assim criança-professora-família
vão acompanhando suas descobertas, desafios, conquistas e superações; fotos do
cotidiano; pesquisa e entrevista com as famílias; exposições; registro das
escutas das crianças e de ocorrências. Porém
ainda encontro dificuldades e obstáculos em realizar o registro escrito. Sinto
que ao mesmo tempo em que é o ponto de partida é também um desafio, o que
necessito freqüentemente me policiar, me desafiar, me superar e me dispor a
concretizar tal prática que só tem a me ajudar, fornecendo subsídios para uma
aprendizagem integral das crianças e para minha valorização enquanto profissional
da Educação Infantil.
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