RELATO DO
DIA 11 DE ABRIL DE 2013
Hoje foi um dia muito
interessante. A M. V. está apresentando crise de ansiedade, chora
o tempo todo, não come, não bebe água, não brinca, não conversa com os amigos,
ficando o tempo todo do meu lado e me seguindo aonde quer que eu vá e só para esclarecer ela é uma criança com paralisia cerebral, comprometendo o lado direito.
Já havia esgotado os meus recursos para tentar convencê-la e lembra-la de
quanto ela gostava da escola e como aqui é legal e o quanto ela é querida por
todos.
Saímos do parque e
fomos para a sala de multimídia. Hoje é o dia em que fazemos o empréstimo de
livros e como estamos conversando sobre as diferenças das pessoas, bem como as
deficiências físicas, combinamos que eles iriam levar para casa os livros da
Coleção Ciranda da Diversidade e das Diferenças, as quais abordam temas relacionados a algumas
deficiências e outras dificuldades. Comecei a ler os títulos dos livros e ler o
resumo de cada um antes de colocar para eles escolherem.
Quando li o da Centopéia
a M. V. disse: “ELA É IGUAL A MIM, COM PROBLEMINHA NA PERNA, QUERO
LEVAR ESSE LIVRO.” Quando dei por mim ela estava falando da suas limitações com
tanta naturalidade e com tanto envolvimento que cheguei a me emocionar, pois o
que eu achei que poderia ser um problema, tocar nesse assunto com o grupo por
causa dela, mesmo que indiretamente, ela reagiu completamente contrário, se
mostrando ciente de suas limitações e do seu tratamento, pois contou para todos
que vai na CEI para poder conseguir abrir a mãozinha e a reação do grupo foi de
igual comportamento, pois nunca a trataram com diferença.
Após esse momento passei vídeos para eles do
YOU TUBE de atletas deficientes, com histórias de muita superação. Assim como a
M. V., todos gostaram muito do que viram e teceram vários comentários,
demonstrando admiração em ver pessoas sem braços e pernas fazendo exercícios,
ganhando medalha, sorrindo, fazendo tanta coisa... Essa hora passou que ninguém
viu, e o melhor a M. V. tinha voltado a sorrir e demonstrar
envolvimento e interesse pelas atividades.
Isso prova que o
fazer pedagógico intencional e planejado vai além daquilo que prevemos,
percorrendo e alcançando caminhos esperados e inesperados, mas o importante é
estar sempre atento para não deixar passar essas oportunidades ricas de
intervir, propiciando descobertas e compreendendo mais sobre cada criança.
Estar sempre sensível
às necessidades das crianças é um exercício constante para o professor, pois
são nesses momentos que elas podem revelar algo escondido, mas que é de muito
significado e relevância para ela, contribuindo assim para que o professor possa
compreendê-la melhor e assim poder ajudá-la de alguma forma.
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